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O limite entre Ciência e Ética

O limite entre Ciência e Ética
20 dez 2018

BRAZILUSA ORLANDO 95 CAPAQuando há dois anos atrás cientistas chineses divulgaram suas tentativas de “editar” o genoma de embriões humanos com o objetivo de evitar uma doença hematológica causada por uma mutação, o mundo científico correu a discutir qual seria o limite da utilização dessa técnica que permite modificar o código da vida.
Pois bem, no dia 26 de novembro de 2018, novamente, um cientista chinês sacode o mundo científico e anuncia que fizeram a edição genética de pelo menos duas dezenas de embriões humanos e que dessa vez deixaram a gestação ir em frente e já nasceram dois bebês gêmeos produtos dessa modificação artificial do genoma humano.
A divulgação do “feito científico” não seguiu o rito habitual. O Dr. He Jiankui não apresentou o seu trabalho em uma conferência médica, não o publicou em uma revista especializada, simplesmente avisou ao coordenador da Conferência Internacional de Edição do Genoma, que começaria no dia seguinte, depois deu uma entrevista à uma agência de notícias e publicou cinco vídeos no YouTube falando sobre seu trabalho.
A técnica usada pelos chineses é baseada na tecnologia CRISPR-Cas 9 que permite a retirada de segmentos do genoma e sua substituição por outros fragmentos de informação genética.
O mundo científico se agitou por conta do fato que essa experiência cruzava uma linha imaginária e muitos cobraram que fronteiras fossem estabelecidas para que esse tipo de prática não fosse repetida em embriões humanos por enquanto.
A preocupação vinha do fato de que o resultado do teste chinês apesar de algum sucesso em substituir os genes “defeituosos” também resultaram em mutações indesejadas e alterações no genoma que inviabilizavam “per se” o desenvolvimento desses embriões.As reações do mundo científico começam a serem ouvidas todas críticas a esse novo cruzamento da fronteira entre a Ciência e a Ética.
E acredito que seja a prova de que regras e “acordos” que estabelecem limites para os experimentos científicos por si só não são capazes de barrar cientistas que se por um lado podem simplesmente acreditar no potencial de seu conhecimento, mas ou mesmo tempo não medem as consequências possíveis de seus atos.
Aliás o cientista “responsável” pelo feito, foi repudiado pela Universidade onde estaria ligado, na cidade chinesa de Shezei, que diz que ele está licenciado e os órgãos oficias chineses dizem estar investigando o fato.
Esse tipo de “experiência científica”, sem respeito por normas éticas e mesmo sem respeitar o direito dos pacientes envolvidos, caracteristicamente acontece com mais facilidade em regimes políticos fechados e totalitários onde a transparência e o acesso à informação sejam limitados.
A conclusão é que temos que discutir temas como esse para que a sociedade possa definir os limites que serão aceitos, pois a Ciência avança rápido, já as Leis não tem essa agilidade toda.

Dr. Luís Fernando Correia

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